segunda-feira, julho 26, 2004

Aconteceu em Portugal

Aconteceu qualquer coisa; de certeza absoluta que algo se passa; eu é que não sei bem o quê.
Mas que aconteceu, aconteceu.

As pessoas estão diferentes, o País está diferente. Todos falam disso em surdina, mas a mim ninguém me conta o que é.

Não sei se terminou, se ainda está a acontecer ou se ainda está para vir. Não sei se é bom, se é mau, ou até mesmo se a culpa já é do Santana Lopes. Mas tudo está … diferente.

Por favor, se alguém sabe o que se passa, e vocês sabem muito bem do que eu estou a falar, por favor digam-me.

Obrigado.

quarta-feira, julho 21, 2004

I have a dream

Na verdade, não é bem um sonho, é uma teoria. Uma teoria a que gosto de chamar a Teoria da Chuva.
 
A questão é:
 
 “Quando chove, molhamo-nos mais correndo para um abrigo ou caminhando normalmente ao encontro deste?”
 
Esta pergunta, por inofensiva que pareça, começa a abalar os alicerces de toda a comunidade científica por esse mundo fora. Porventura, até mais do que a Teoria da Relatividade, por ter mais significado práctico.
 
Eu, ao contrário de Einstein, não me debrucei sobre este tema numa folha de papel rabiscando coisas como E = MC2 [1]. Fui ao encontro do problema, sentei-me num banco de jardim, num dia de sol, e pus-me a pensar:
 
1 - Se a chuva estiver parada no ar (em vez de respeitar a lei da gravidade, caindo inexoravelmente na terra) como me molho mais? Ficando parado no mesmo sítio, ou correndo para um abrigo? Até mesmo tu, caro leitor, podes afiançar que, correndo de encontro à água suspensa no ar, me molharia mais.
 
2 – Pensei também no vento que se possa fazer sentir no momento em que, estupidamente, me encontrasse parado no meio da rua num dia chuvoso. Será que o vento é assim tão importante? Por um lado, o vento atira-me chuva à cara. Como corolário desta afirmação, posso também ter a certeza que, para além de me atirar chuva à cara, também afasta outras gotas de chuva que, de outro modo, me atingiriam. Porque no limite, a quantidade de chuva que me é atirada à cara à força de chibatadas de vento, é a mesma que a quantidade desviada (e porque isto já está a ficar muito complexo), vou ignorar o efeito do vento. Será uma abordagem “Se tudo o resto se mantiver constante”, ou ceteris paribus para ti, caro recém-licenciado em economia que me estás agora a ler.
 
Nesta fase da minha linha de pensamento já me encontro cansado, mas, não me desviando da missão de cultivar o caro leitor, introduzo ainda mais factores:
 
3 – A gravidade! Como o atento leitor já se deve ter dado conta, o primeiro ponto desta teoria é ridículo. A chuva não está parada no ar! E, já agora, também não existe Pai Natal, nem a rena Rudolph. A chuva vem, quer gostemos ou não, ter connosco por força da gravidade. Estarei eu, ao correr, fugindo da chuva como o Diabo foge da Cruz, a evitar este fenómeno? Se o leitor respondeu que sim, PARABÉNS! Acabou de dizer, por outras palavras, que ao corrermos estamos a fugir à lei da gravidade, pelo que podemos também afirmar que, quando estou a correr, não há razão para que não consiga voar.
 
4 – O último dos factores. O mais pragmático, mais inescapável, mais inatacável dos factores! Um factor que tem deixado perplexa a comunidade científica, por ser facilmente comprovável por teste directo, mas difícil de traduzir numa simples fórmula como a de Einstein. Estou, naturalmente, a falar do factor “salpico”. O factor salpico consiste essencialmente no fenómeno que ocorre quando corremos sobre poças de água criadas pela chuva e acabamos, invariavelmente, com as calças molhadas até aos joelhos. É evidente que este factor pode ter maior ou menor relevância, consoante esteja a chover há mais ou menos tempo, consoante o piso onde estamos a correr, consoante o peso de quem corre, entre outros factores.
 
Depois de todo este esforço mental, ainda fiz o que os Americanos chamam de “extra mile”. Ou seja, fui ainda mais longe. Cheguei a uma fórmula que nos permite calcular o quão molhado ficará o leitor consoante os diversos factores.
 
Temos então:
 
Mo = VL + VC * Lg +  PL / PT
 
Onde:
 
Mo – Unidade de medida da “Molha”
VL – Velocidade do leitor
VC – Velocidade da chuva
Lg – Litros por gota de água
PL – Peso do Leitor
PT – Porosidade do terreno
 
Daqui verificamos facilmente que, quanto maior for a velocidade do leitor, ceteris paribus, maior será Mo, cqd[2].
 
 
Nota do blogger: continuamos abertos à recepção de fundos para a compra de equipamento que permita demonstrar esta teoria.
Nota do blogger2: Este foi o meu primeiro post. Se o quiser avaliar, use uma escala de 1 a 2, sendo 1 “Não tens mais nada para fazer?” e 2 “Vai trabalhar, malandro!”



[1] este artigo mostra como alguém se lembrou de explicar a teoria da relatividade ao ler uma entrevista com a Cameron Diaz (sem dúvida, com fotografias)

[2] Como queríamos demonstrar.

segunda-feira, julho 19, 2004

CONSEGUE UMA PESSOA MUDAR O MUNDO?????

Nascemos acreditando que somos o centro do mundo; crescemos a sonhar que conseguimos sozinhos mudar o mundo; amadurecemos quando nos subjugamos à vontade do mundo e morremos quando esperamos que o mundo nos leve.
Este post não tem nada de moralista, apenas cada vez mais me assusta o facto de estar muito perto de começar a me desleixar para o mundo e começar apenas a ficar sentado à espera do que este tem para me oferecer, mas ontem um simples acontecimento mudou a minha vida.
Um simples velhinho, no seu também velhinho Fiat 600, dirigindo-se a cerca de 20 km por hora na estrada nacional, fez com que mais de mil pessoas chegassem mais de duas horas atrasadas ao emprego. As consequências não se prendem apenas no tempo perdido, pois os funcionários públicos não fizeram mais nada de manhã (com o reflexo natural dessa situação no degradação do PIB, ou não), os trabalhadores independentes fizeram inversão de marcha e ficaram em casa de manhã a ver o programa do Goucha e eu fulo que nem uma pevide passei o resto da manhã a escrever este post (e não pensem que vou fazer alguma coisa de jeito esta tarde).
Embora de manhã tenha vivido um ódio de morte do referido sujeito, perto das 5 da tarde dei por mim a agradecer-lhe, pois graças a esse sexagenário, agora percebo que uma pessoa consegue mesmo fazer toda a diferença, desde que consiga chatear um número considerável de gente.
No final de contas, sempre tive uma desculpa para passar o dia a coçar a micose.

TEORIA DA CONSPIRAÇÃO

Mais uma vez a terra dos sonhos (Loures) foi capa de jornal e notícia de abertura de tudo o que é Telejornal que se preze. A notícia não era para menos, uma ameaça de bomba, mais especificamente um carro armadilhado, é notícia em qualquer lado do mundo.
Apesar de no princípio julgar que a Al-Qaeda estava com grave um problema de identificação de alvos mediáticos, um olhar mais atento, mostra toda a sapiência e acutilância da grande multinacional do terrorismo ao escolher uma simpática e inofensiva ponte da A8.
Não acredito que, este suposto atentado foi inocente e engane-se quem acredita que se trate de uma "jihad"1 contra o povo saloio, mas sim um astuto ataque a um dos grandes símbolos Americanos – o cachorro quente (vulgo Hot-Dog). Afinal é mesmo nesse preciso ponto geográfico que se encontra, não o maior, mas sim o melhor Hot-Dog do mundo.
Aqueles Árabes não brincam em serviço e fazem sempre o seu trabalho de casa.
 
“Never be rude to an Arab” – Monty Python
 
1 - (guerra santa)

O CHERNE SABE O QUE FAZ

Num dos inúmeros discursos proferidos para angariação de votos para a comissão europeia, Durão Barroso chegou mesmo a afirmar que odeia a arrogância dos norte-americanos. Rapidamente a oposição nacional não perdeu tempo em acusações várias à sua integridade, verticalidade e consistência política. Nada mais errado meus caros. Que melhor maneira de condenar a arrogância dos americanos senão apoiar uma intervenção no iraque na qual morrem em média 4 americanos por dia. A justiça escolhe, por vezes, caminhos turtuosos.

sexta-feira, julho 16, 2004

Já não se confia em ninguém

Este chavão parece estar já há muito batido, mas ontem deparei-me com um situação que me deixou boquiaberto e que não pode passar ao lado deste pasquim.
Não sei se a população alfacinha deu por conta que uma das mais antigas e bonitas tradições da capital, foi totalmente aglutinada pela ganância desenfreada do capitalismo (será que isto também foi obra do Tio Santana?).
Ontem, quis então o destino que eu me tivesse de deslocar através do metropolitano (transporte que não utilizava desde as longínquas primaveras de escola), embora receoso e nervoso pelo reencontro com uma paixão antiga, peguei nos meus phones, fechei bem a mala (pois anda para aí muita gatunagem) e avancei sem medos.
Não tinha dinheiro, mas também não me preocupei, afinal aquilo era o velho e bom metro, pois sempre bastou estar bem junto à porta e olho bem aberto para vislumbrar o mais ténue sinal de revisor nas estações seguintes.
FALSO, meus caros amigos, agora existem umas barreiras de acrílico com cerca de 1,80 m de altura que só abrem com a passagem de um bilhete válido, tanto para a entrada como para a saída.
Fiquei furioso, gritei, esperneei, pulei, indignado com esta falta de confiança no civismo alfacinha.
Esta minha raiva foi rapidamente sanada com a chegada da autoridade ao local, que muito civilizadamente e com apenas 3 bastonadas me chamou à razão.
Mais calmo e recomposto, avancei confiante (pela defesa da moralidade e dos bons costumes) … saltei por cima da barreira de acrílico, parti um braço e rasguei umas calças de marca. Agora quero saber quem é que se responsabiliza por isto?