Andar de avião é sempre um acontecimento, a longa espera, a ansiedade de levantar voo, a tranquilidade após a aterragem. Com base nesta salada de frutas de sentimentos, sempre acreditei que, como o Homem não foi feito para voar, o simples facto de voltar a colocar os “pés em chão firme” era motivo mais que suficiente para rejubilar, saltar, gritar de alegria ou até bater palmas. Durante anos era essa a minha doutrina face ao estranho facto de alguns passageiros insistirem em bater palmas ao aterrarem.
Hoje sei que vivi no engano, afinal aquilo não é mais do que uma manifestação de apreço pelo piloto por ter aterrado. Ora isso levanta várias questões:
Será que as pessoas quando compram o bilhete não estão à espera de aterrar?
Será que essa não é a função do piloto (visto que o restante tempo é o piloto automático que faz todo o trabalho)?
Porque não bater as palmas às simpáticas hospedeiras quando trazem o delicioso repasto?
Não sei se estou a ser bastante mesquinho ou exigente, mas eu recuso-me a aplaudir, afinal aquele é o seu trabalho e quando comprei o bilhete quero acreditar que o serviço de aterrar já estava incluído no pacote.
Eu irei começar a aplaudir as aterragens apenas quando também me aplaudirem no meu trabalho:
- “Atenção pessoal, acabei de enviar um e-mail com as últimas projecções de vendas. Venham daí essas palmas?”
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