Não sei qual a sensibilidade do fórum do Sopinha para a questão da criminalidade mas ultimamente os noticiários têm sido inundados por peças sobre assaltos a Ourivesaria, Supermercados, Cafés, etc.
Não venho para evangelizar ou tecer qualquer reflexão sobre uma potencial ligação entre a crise e o crime, mas sim explanar algo muito mais profundo e que mexe com o meu sistema nervoso: a necessidade dos jornalistas sublinhar sempre as idades dos meliantes.
Será então que, tal qual como o amor (que bonita analogia) o crime não escolhe idades e será também que a sociedade está pronta para aceitar grandes diferenças de idades entre os membros da mesma quadrilha?
Parece até que consigo visualizar a seguinte conversa de corredor na Associação Nacional do Crime Organizado (acredito que deva de existir tal organização ou similar caso o crime seja mesmo organizado):
“- Já sabes do Zé?
- O quê? Foi apanhado a gamar uma caixa multibanco num qualquer tribunal?
- Pior! Parece que agora anda a gamar com um gajo que tem menos 15 anos que ele.
- Porra! Antes trabalhar nas finanças.”
1 comentário:
A criminalidade precisa de um combate implacável
Os partidos de esquerda desculpam sistematicamente a criminalidade com o a pobreza e o desemprego. Parece terem receio de uma atitude mais enérgica na luta contra o crime. Será que ficaram traumatizados desde os tempos do fascismo? Esta postura está a desorientar o seu próprio eleitorado natural: os mais pobres que são também os mais desprotegidos face à criminalidade. Assim, os partidos de esquerda têm muita responsabilidade relativamente ao crescimento da extrema direita que tem um discurso bem mais sensato sobre o combate crime. Barack Obama que prometeu ser implacável no combate ao crime e defender ao mesmo tempo os mais desfavorecidos. Não me parece que isso seja incompatível.
Há 50 anos a pobreza em Portugal não era menor que a de hoje e a criminalidade violenta era praticamente inexistente. Se mais pobreza implicasse mais criminalidade, então não teria sido assim. As estatísticas nem reflectem a nossa realidade porque muitas vítimas já nem se queixam porque sabem que os criminosos são rapidamente postos em liberdade, mesmo quando são capturados e depois ficam sujeitos a represálias. Pela mesma razão, vítimas e testemunhas escondem a face quando são entrevistadas pela televisão.
Para não se dar muita importância aos crimes praticados por jovens, é hoje costume apelidarem-se de "crianças" todos os jovens desde dos zero aos dezoito anos. A palavra "criança" já não tem o mesmo significado de há 20 anos e significa agora tão sòmente "de menor idade". É claro que não poderemos comparar a capacidade de destinguir o bem do mal que tem um menor com 2 anos com um outro com 15.
Já há algum tempo um Mayor de Nova Iorque decidiu que não se deveria menosprezar a pequena criminalidade nem os pequenos delitos, porque a sensação de impunidade se instala nos jovens delinquentes, estes vão facilmente progredindo para infracções cada vez mais graves até que a situação se torna incontrolável. Implementou então a célebre "Tolerância Zero" que, como se sabe, deu óptimos resultados, reduzindo num só ano a criminalidade em Nova Iorque em cerca de metade.
A actual política portuguesa de manter na rua os criminosos, mesmo depois de várias reincidências, faz (como dizia o Mayor ) crescer a sensação de impunidade: o criminoso continua com as suas actividades criminais, vai subindo o nível dos seus delitos e serve de exemplo para que outros delinquentes mais jovens sigam o mesmo caminho.
Esta política errada está a atrair ao nosso país a criminalidade europeia (e não só), que se apercebe dos nossos cada vez mais "brandos costumes", daí a não ser estranho que quase metade dos condenados sejam estrangeiros.
Dificultar a obtenção de uma licença de porte de arma não tem qualquer efeito sobre os criminosos violentos. Quem acredita que eles tiram uma licença de porte de arma e a compram num armeiro legal? Não! Compram-na nos mercados do submundo do crime e muitas delas são até superiores às das polícias. O tempo em que os delinquentes faziam sobretudo uso de armas furtadas já lá vai, por isso dificultar a obtenção de uma arma legal serve para o criminoso se sentir mais seguro e impede a autodefesa da vítima, que pode sentir arrombarem-lhe a porta e nada poder fazer porque não tem com que se defenda. Há um ditado americano que diz: "mais vale ter uma arma e nunca precisar dela do precisar de uma e não a ter".
Zé da Burra o Alentejano
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